quinta-feira, outubro 20, 2011

Caminho para a Eternidade - Parte VI


A pequena entrada na porta da cela se abriu com um ruído, fazendo o homem erguer o olhar embaçados pela sonolência e observar um copo de sangue ser depositado no chão. Arrastou-se até a bebida, ávido, tomou o sangue gelado com rapidez, fazia horas que não dormia por causa das dores no estomago, e julgou que a culpa da dor fosse a sede. Os cabelos loiros, agora empoeirados pela sujeira da cela lhe caiam pelos olhos negros, prejudicando mais a visão do rapaz, se pudesse, cortaria aquele cabelo, rasparia completamente a cabeça, odiava ver aquelas melenas e lembrar-se de como eram lindos, lisos e brilhantes antes de tudo. A dor no estomago diminuiu um tanto, e o jovem se jogou no chão da cela, colocando o braço na testa, esfregando a area, tentando ter alguma paz.
Melissa venho a sua mente e ele sorriu, a jovem que amara tanto, a bela Meg. Tinha raiva de si mesmo por não ter ousado roubar um beijo de seus lábios virgens antes de tudo, mas era ingênuo demais, realmente, por um momento, ou dois, imaginou que todas barreiras entre eles se quebrariam como num passe de magica e que ambos pudessem ser livres para casarem. Ah, como era tolo, o amor que sentiu por ela só lhe trouxe sofrimento e ainda trazia, agora, seu coração se enchia de remorso por ter ousado se aproximar da senhora da casa. Mas mesmo assim, tirar a única jovem que amou da mente seria impossível agora, pelo menos, lhe fazia feliz sonhar com ela.
Será que um dia voltaria a encarar aqueles olhos verdes? Observar Meg sorrir daquela maneira tão doce, como se a maldade não existisse mais. Provavelmente, depois de tanto tempo ela já estaria com outro, mas não. Ela lhe prometeu ser sempre fiel a ele, e disse-lhe que ele era o único que teria seu coração.
- Amém! – ele disse para si mesmo, rindo animado.
Se algum dia saísse de lá, correria para a casa dela, invadiria seus aposentos, a sequestraria apenas para poderem casarem-se sem ninguém para proibi-los ou afasta-los novamente. De fato, era um sentimento quase humano.



~

O cavalo relinchou incomodado com a cela que lhe era posta nas costas, Meg levou a mão direita ao rosto de seu precioso presente, um cavalo que apenas ela conseguiu montar, dizem que o cavalheiro escolhe seu cavalo, mas Meg sabia que era o contrario, Mondrel a escolheu como sua cavalheira. E diferente dos humanos, animais eram fieis, principalmente os cavalos. Assoviou a canção da caixinha de musica enquanto acalmava o animado Mondrel, e se preparou para subir no animal. Fazendo isso com perfeição por conta de seus anos de experiência. Aproveitou a liberdade e a superioridade que o animal trazia e observou o enorme campo verde a sua frente, não era tão grande como desejava, mas o suficiente para ela se sentir um pouco livre cavalgando. Apertou ambas mãos na pelugem do cavalo, que assim como seus próprios cabelos, era negro, completamente negro como a noite. Deu um leve grito dando coragem ao cavalo enquanto o animal soltava um grunhido e começava a cavalgar rapidamente pelo campo aberto.
Meg sentiu o vento gelado bater em seu rosto e corpo, sorriu brevemente, fechando os olhos e confiando sua segurança a Mondrel que parecia conhecer o caminho já feito tantas vezes.
Não se sabe ao certo quanto tempo Meg ficou ali, cavalgando, perdida no seu próprio prazer e no momento delicioso que Mondrel lhe proporcionava com a cavalgada. Mas sentiu-se de volta a realidade quando enxergou, no meio da neblina densa que cobria o ar, a forma dele. Victor estava lá, e a observava.
Decidida, e com uma coragem ousada, atiçou mais o cavalo a se aproximar da forma nebulosa e espectral do Rei. Assim feito, como nunca antes, a jovem parou ao afastar a neblina e revelar o belo rosto de Victor, sorrindo daquela maneira detestável. Pelo o que pode notar, o Rei estava com um sobretudo negro, cobrindo aquele corpo largo quase que completamente, por baixo, se notava uma camisa social branca e uma calça jeans, um tanto despojada, mas que se moldava bem nas coxas grossas do homem.
O cavalo se ergeu, assustado, e Meg aproximou a face do ouvido do animal, sussurrando-lhe algo que imediatamente o fez acalmar-se mais, enquanto ela descia rapidamente.
- Tem mais jeito para cavalos do que para homens, Senhorita. – Victor não se moveu, apenas cruzou os braços a frente do peito. Dando-lhe um porte mais assustador.
Meg sorriu sarcástica, arrumando o corpo e dando um pequeno pulo para chegar ao chão, deu alguns passos a frente, com a mão no pescoço do cavalo, fazendo-lhe um carinho dócil que deixou o animal relaxado.
- Creio que seja porque cavalos são mais confiáveis do que os homens, majestade.
- Acho que esta confiando nos homens errados. -  ele ergeu a sobrancelha, agora fitando fixamente os seios de Meg.


2 comentários:

  1. Ótima historia Draculina, bem original e envolvente como era de se esperar.
    estava afastado do mundo dos blogs, mas voltei e vou continuar acompanhar seus contos.

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  2. Adoro suas historias, são inspiradoras!!!

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