quarta-feira, março 16, 2011

Caminho para a Eternidade - Parte I



Os olhos brilhavam, fixos em um ponto em comum, a jovem de poucos anos observava a bailarina rodar pela pista de dança, girava-se repetidas vezes enquanto uma profunda e triste melodia emanava o quarto, mal piscava os olhos, como se não desejasse perder nenhum momento daquele deprimente espetaculo.  A porta bateu, uma, duas, três vezes até ser aberta de modo barulhento.
- O que faz aqui? – Pergunta a voz da mulher ao seu lado, enquanto lhe invade o quarto e para na frente da garota, impaciente.
A jovem nada responde, apenas continua com os olhos fixos na bailarina encantadora.
- Será apresentada a seu par hoje, já deveria estar trocada.
Ouvia a mulher dizer nervosamente enquanto abria as portas do seu guarda-roupa, procurando algo, provavelmente.
A garota suspira pesadamente assim que a musica parava de tocar, como se voltasse a realidade, virava-se, deparando-se com sua mãe, Helena, remexendo suas roupas.
- Eu não irei.
Helena vira-se, surpresa, encarando-a por um tempo deitada na cama, ainda com o olhar parado naquela maldita caixinha de musica. Rapidamente, ela se aproxima, fechando e a pegando pra si, conseguindo a atenção da garota.
- Deveria já ter superado. – Dizia rispidamente – Vamos, use isto, seu par ficará encantado com uma mulher bem vestida. -  Jogava-lhe a roupa em cima da cama e saia, com a caixinha em mãos.
“Seu par...” A jovem pensava distraidamente, pegando o vestido negro e aproximando do corpo para aspirar o cheiro do seu próprio perfume nele. 
- Ela fala como se eu fosse o par do baile da formatura dele.
Sussurrou pra si mesma, visivelmente chateada com toda aquela situação. Rapidamente despiu-se ficando apenas de calçinha a frente do enorme espelho de bronze proximo a sua cama, colocou o vestido, deslizando-o sobre sua pele de marfim. E encarou-se, prendendo o cabelo no alto da cabeça em um coque, sabia que era apenas descer, fingir cortesia, subir e recuperaria a caixinha de musica, na qual, sentia falta da melodia no momento.
Maquiou-se, carregando, como sempre, no lapis e no batom, era palida demais e não deseja aparentar estar doente, apenas... Normal, na medida do possivel. Colocou o salto alto e ergeu-se, abrindo a porta do quarto e se aproximando das escadas, contudo, antes de colocar seu pequeno pé no primeiro degrau, parava-se, verdadeiramente insegura, tinha medo do que ele tentasse, e principalmente, de como reagiria com a presença dele. O corpo delicado e esbelto se encosta na parede fria, e ela sorri delicadamente lembrando-se do passado, e por um momento foi como se ele estivesse ali novamente, sorrindo para ela daquele modo tão único, como só ele sabia fazer. Ouvia a porta bater, vozes e mais vozes emanavam no andar de baixo. Ele havia chegado.

~
As unhas sujas riscavam a parede de cimento, formando desenhos incoerentes, os olhos estavam perdidos na escuridão negros, dois poços diretos pra morte, encolhia-se com frio, uma rajada de vento invandia o quarto e o deixava de cabelo em pé. Dava uma alta risada, quarto? Nunca pensara que algum dia usaria essa palavra pra resumir aquele ambiente, mas passado tantos anos, não havia mais esperanças que alguém viesse busca-lo. Os cabelos longos, loiros, esparramavam-se contra a parede enquanto o homem inclinava a cabeça pra trás, fitando hipnoticamente a lampada de luz que iluminava seu abrigo. Sentia-se fraco e desnutrido, precisava alimentar-se logo, ou acabaria enlouquecendo. Isso é... Se já não estivesse louco.
Observou o corpo, abaixando os olhos negros, estava magro, miseravelmente magro. Fechou os olhos e tossiu, fazia quanto tempo que estava lá? Talvez alguns meses... Não... Havia mudado, pode-se ver pelo corpo que havia amadurecido, então... Quem sabe, não passara mais de um ano ali. Dois, três... jamais saberá quanto tempo perdeu dentro daquela cela.
Levantou-se com dificuldade, aproximando-se da pia suja, e abrindo a torneira, assim que a água caiu, enfiou-se as mãos por de baixo, sedento, engoliu a água rapidamente. Aproximou pra lavar o rosto diversas vezes, molhando-o, realmente, precisava de uma banho, molhou os cabelos dourados e o corpo como pode, esfregando as mãos contra os musculos que ainda lhe restavam no abdomen, tossia novamente, agora mais alto, apoiava ambas mãos na pia e abaixava a cabeça nauseado, “porque não me matam?” pensou, angustiado, realmente, a ideia de morrer seria bem mais reconfortante do que a de imaginar que passaria o resto da vida ali, preso naquele lugar por algo que não merecia, ou pior, que nem sabia o que tinha feito.
Por um momento considerou a ideia de suicidio, olhou em volta procurando algo que lhe pudesse ser usado como faca, cortar a própria garganta não seria facil, mas estava disposto a fazer o possivel. Tossiu novamente agora quase vomitando em direção a pia, quem sabe já não estava pra morrer? Talvez estivesse com alguma virose, ou doença, a morte não tardaria a vir de modo natural, se suicidar só iria um ultimo recurso, uma última chance de fugir daquele horrivel lugar.

8 comentários:

  1. vc está de parabéns!é uma bela historia...fará muito sucesso ao meu ver.
    sou arileudo souza(akuma).

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  2. parabéns esta encrivel mal posso esperar para ler o resto...

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  3. parabéns adorei a historia estou ancioza para ler a proxima parte...

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  4. nossa sua história é linda mesmo vc deveria escrever um livro sabia

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  5. Parabens.... adorei. muito criativo. um beijo.

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  6. Nossa...tu escreves muito bem, é uma bela escritora,tem muito talento.Ainda vou ver um livro teu publicado. Beijos poéticos. Ah...estou levando teu banner comigo para uma possível parceria,o teu banner tu o achará abaixo da imagem do cabeçalho do meu blog literário na página avulsa chamada "Parceria",o meu tu poderá pegá-lo na barra lateral de rolagem. Abraços poéticos.

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