Caminho para a Eternidade - Parte XII

- Majestade, esta na hora.

Victor virou o rosto e fitou o mordomo a porta, seu amigo como sempre, nada expressava, parecia ser completamente gélido quanto sua aparência. “Bom assim” Victor pensou enquanto se levantava da cama, não queria ficar ouvindo lição de moral de como ele deve cuidar de sua esposa. Já bastava os velhos do conselho para mandar nele. 

Suas mãos estavam frias, o que era aquilo? O Rei dos Vampiros com medo? Ansioso? Seu pai se envergonharia se o visse daquela forma. Tossiu, disfarçou o que sentia e saiu do quarto em direção ao salão principal aonde iria acontecer a cerimonia. Durante o caminho encontrou uma de suas empregadas, que também servia como amante, a jovem deu um meio sorriso extremamente pervertido para ele, que ele ignorou.

O mordomo, Michael, estava no fim do corredor com um sorriso sereno nos lábios, Victor teve a sensação que o amigo só estava lá para dar a ele algum tipo de apoio... “Loucura” pensou, “Eu não preciso de nenhum mordomo para ficar me dando apoio, sou o Rei dos Vampiros e isso não passa de um maldito casamento que vai me render uns herdeiros e acabou”. Ignorou a presença de Michael sem nem olhar nos olhos dele, mas sentiu o olhar do mordomo sob si, dois guardas principais estavam um de cada lado da porta, assim que o Rei de aproximou, sussurraram um “majestade” e abriram as enormes portas duplas que davam para o salão principal.  Victor se manteve de cabeça erguida ao encarar todos os vampiros aristocráticos e mais influentes do mundo, todos eles em finos e elegantes trajes de gala, e a frente, um longo corredor de rosas vermelhas que levava até um altar todo folheado a ouro, aonde o ancião principal e mais velho da raça, Charles. 

Victor parou a frente dele, e abaixou a cabeça em sinal de respeito, o velho, sorriu e fez uma reverencia ao rei, em seguida fitou o olhar numa jovem ali perto, dando o sinal para a noiva entrar. 

Diferente de qualquer marcha nupcial, uma musica sombria começou a tocar no órgão, Victor fechou os olhos, a musica era linda, triste, mas linda. Ele se recordava que sempre escutava sua mãe tocar essa musica, naquele mesmo órgão. Sua mãe... Sempre parecia tão triste, e ele mal se lembra de momentos em que ela e seu pai conversavam, seria isso que ele estava se entregando? A um relacionamento eterno com uma desconhecida, onde nada passará de sexo frio para ter um herdeiro, e assim que o herdeiro for feito, mal se falarem?  Maldito seja, não desejava esse futuro nem pra si, nem para...

- Melissa... – Ele sussurrou, fixando o olhar em sua noiva, a jovem estava com um vestido totalmente negro, majestoso e reluzente, um decote singelo mostrava boa parte de seus seios alvos e pálidos, os olhos estavam escondidos por uma rede negra, porém, dava para ver a boca de boneca vermelha. Ela caminhava para ele lentamente enquanto a musica soava e Victor mergulhava numa imensidão de pensamentos e recordações. Só se acalmou ao sentir a mão de Melissa tocar seu braço, já no altar. Porém, nada demonstrou, nem sequer quis olhar muito para ela, Melissa era sinal de fraqueza, aquela mulher o deixava absurdamente fraco e idiota, e não iria agir assim, não na frente de todos aqueles vampiros aristocratas. Fechou os olhos enquanto ouvia o “blá blá” do Charles. Fixou o olhar em uma escultura ao longe para não se render ao olhar para Melissa. Entrou em transe e só acordou com o velho falando: 

- Majestade? Majestade? 

- O que? – Respondeu friamente e sentiu Melissa tirar a mão do braço dele. 

- Chegou a hora, Majestade. 

Engoliu em seco, e virou o rosto, fitando pela primeira vez Melissa naquela noite, chegara a hora, a pior hora do casamento. O ponto sem retorno, era o momento de beber do sangue dela, e ficar com sua assinatura genética dentro de si para sempre. Ele sabia, a partir do momento que provasse o gosto do sangue dela, sempre saberia aonde ela esta e como se sentia. E sinceramente, ele realmente não queria saber o que Melissa sentia, ainda mais quando estava perto dele. Victor sabia que deveria incitar Melissa a tomar sangue, porém, ficou sem reação observando aqueles lindos olhos verdes, Melissa havia subido a rede que cobria seu rosto e toda sua beleza angelical o contagiou instantaneamente. Desejou mata-la por existir, desejou enforcara até a morte ali mesmo, não poderia haver qualquer mulher que o deixasse agir como um idiota fraco, ele era o rei, só o fato de ela existir deveria ser uma afronta a ele e seu poder como homem.

Charles, observando que o Rei parecia simplesmente desnorteado, fez o sinal para Melissa iniciar o ritual. A jovem noiva, sem muito esforço mordeu o lábio inferior vermelho até o mesmo começar a sangrar, e o Rei perdeu o controle.

Se ouviu de longe um murmuro entre os convidados, Victor agarrou Melissa com tamanha fome, e a beijou profundamente, sentindo todo o gosto daquela boca e daquele sangue delicioso, não... Delicioso era pouco, Melissa tinha um sangue viciante. Melissa estava assustada, porém agarrava fortemente o smoke do Noivo, durante o beijo, Victor mordera o próprio lábio inferior também. E o sangue começava a escorrer da boca dos noivos manchando o chão e o vestido. Victor transaria com Melissa ali mesmo se fosse possível, sentia seu corpo quente e estava absurdamente excitado, ele sabia que Melissa estava retribuindo, ela não o estava empurrando, mas sim colando ainda mais seu corpo ao dele. Sentiu as presas dela, ela estava despertando como Vampira.  Victor só voltou em si quando ouviu alguém comentar:

- Pelo jeito não vai demorar muito para sair esse herdeiro. 

Afastou-se dela, confuso demais, e Melissa estava absurdamente corada, ele ergueu a sobrancelha ao observa-la limpar o sangue dos dois da boca e do decote com um pano de cetim branco que Charles lhe dera. Aquela mulher não era como as outras... Melissa estava fervendo, ele sentiu o desejo dela de se entregar a ele, mas agora, quando tudo acabou, ela parecia que voltou a ser a menina inocente de outrora, a envergonhada, a virgem... Isso só o fez desejar com toda sua força acabar com o casamento ali mesmo e levar ela até seu quarto.  Mas a festa logo começaria, e seria um verdadeiro inferno aguentar todo esse evento social. 

Nota da autora: Peço sinceras desculpas pela demora para postar, "Caminho para a eternidade" será postado mensalmente ou bimestralmente a partir de agora, avisem aos amigos e não se esqueçam!